Hoje o céu
está pesado e o calor infernal. Acendo um cigarro, ligo o carro e resolvo
passear pela cidade.
As ruas estão
desertas, pessoas em casa assistindo talvez o Domingão do Faustão. Entretanto,
ultimamente, prefiro não fazer como todo mundo faz, evito o caminho mais curto, procuro por
outras frequências.
Passando em
frente à praça da igreja matriz, vejo o quanto a cidade está parada, porém, por
outro lado, recordo-me das noticias lidas a pouco que dão conta da efervescência
de outras localidades. Vontade louca de encher o tanque do carro e ir para lá,
onde acontece alguma coisa. Entretanto, prefiro ficar por ali.
Aos poucos
surgem: uma bicicleta, uma carroça, dois
carros. Um bairro novo se descortina, na esquina um bar, e do nada pessoas
aparecem.
É fato que
ando em crise, diríamos popularmente em crise existencial, vivo sempre
correndo, sem tempo para nada, e estou aqui a refletir, com certa sensação
angustiante, da falta de movimento do ar, das pessoas, das coisas nessa
cidadela.
Nesse instante,
entro no bar, aquele que parece ter vida pulsante, no bairro que se apresentou
na minha aventura diária, peço uma cerveja e sento-me numa mesa na
calçada. A música alta e pessoas jogando
o baralho numa mesa. Mesmo com essa agitação, não vejo graça, a música parece
não mexer comigo, a cerveja apenas refresca o calor que afeta meu corpo. Estou
distante, aquilo não consegui suprir a necessidade que se impõe ao meu ser.
Necessito de
outras frequências, cansado de esperar a vida acontecer. Gozado, que justamente
estou aqui, numa mesa de bar, vivendo de forma inusitada uma inércia,
irritante, porém construtiva.
Na verdade, preciso
de novos cheiros e outros gostos. E
assim, lembro da frase “ quem sabe faz a hora e não espera acontecer”. Talvez
seja isso, é hora de mudanças, de sair da passividade, tomar uma posição ativa,
virar a mesa, arregaçar as mangas e fazer acontecer.
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