Segundo
Barros, França e Colucci (2015), “surgida
no limiar da modernidade iluminista com o romance The Castle
of Otranto, de Horace Walpole, publicado em 1764, a literatura
gótica, considerada um gênero despretensioso e menor por grande
parte da crítica literária, tem se revelado duradoura como a
própria modernidade dentro da qual se engendrou, o que se confirma
nas sucessivas reedições e atualizações do gênero até os dias
de hoje, tanto na literatura quanto nos diversos meios de
comunicação.
Para Cereja e
Magalhães (2003), essa produção representa uma ruptura não apenas
com os padrões literários vigentes, estabelecidos pela primeira
geração romântica, mas também com os próprios valores da
sociedade. Trata-se em suma, de uma literatura que afronta o
racionalismo e o materialismo burgueses e opta por zonas escuras e
antilógicas do subconsciente, onde se fundem instintos de vida e de
morte, libido e terror.
Nessa
perspectiva, verifica-se que a Literatura Gótica apresenta uma
temática de questionamento da ordem social, enraizadas com análises
do subconsciente humano na perspectiva de sentimentos tristes,
melancólicos, entre outros.
Importante
compreendermos que tal concepção literária tem sua maior expressão
no Romantismo, mais especificamente vinculado ao movimento do
Ultra-Romantismo, cujo qual tem forte influência o “mal do
século. De
acordo Massaud
(1998), "o Mal do Século é definido como “Pessimismo extremo, em face do
passado e do futuro, sensação de perda de suporte, apatia moral,
melancolia difusa, tristeza, culto do mistério, do sonho, da
inquietude mórbida, tédio irremissível, sem causa, sofrimento
cósmico, ausência da alegria de viver, fantasia desmesurada,
atração pelo infinito, “vago das paixões”, desencanto em face
do cotidiano, desilusão amorosa, nostalgia, falta de sentimento
vital, depressão profunda, abulia, resultando em males físicos,
mentais ou imaginários que levam à morte precoce ou ao suicídio”.
Assim, podemos
inferir que a Literatura Gótica expressa o “eu” mais profundo do
ser humano, revelando suas decepções e desencantos com a vida em
todas as suas esferas, bem como nessa viagem analítica do
subconsciente humano revela a interação social a partir da
inadequação perante a sociedade e busca de pertencimento.
Referências:
O medo como
prazer estético: (re)leituras do gótico literário/ Fernando
Monteiro de Barros; Júlio França; Luciana Colucci (Orgs.) – Rio
de Janeiro: Dialogarts, 2015.
MOISÉS,
Massaud. Dicionário
de Termos Literários.
São Paulo: Cultrix, 1998.
Cereja, William
Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Português: linguagens.
São Paulo: Atual, 2003.
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