quinta-feira, 6 de junho de 2019

INTRODUÇÃO À LITERATURA GÓTICA



Segundo Barros, França e Colucci (2015), “surgida no limiar da modernidade iluminista com o romance The Castle of Otranto, de Horace Walpole, publicado em 1764, a literatura gótica, considerada um gênero despretensioso e menor por grande parte da crítica literária, tem se revelado duradoura como a própria modernidade dentro da qual se engendrou, o que se confirma nas sucessivas reedições e atualizações do gênero até os dias de hoje, tanto na literatura quanto nos diversos meios de comunicação.
Para Cereja e Magalhães (2003), essa produção representa uma ruptura não apenas com os padrões literários vigentes, estabelecidos pela primeira geração romântica, mas também com os próprios valores da sociedade. Trata-se em suma, de uma literatura que afronta o racionalismo e o materialismo burgueses e opta por zonas escuras e antilógicas do subconsciente, onde se fundem instintos de vida e de morte, libido e terror.
Nessa perspectiva, verifica-se que a Literatura Gótica apresenta uma temática de questionamento da ordem social, enraizadas com análises do subconsciente humano na perspectiva de sentimentos tristes, melancólicos, entre outros.
Importante compreendermos que tal concepção literária tem sua maior expressão no Romantismo, mais especificamente vinculado ao movimento do Ultra-Romantismo, cujo qual tem forte influência o “mal do século. De acordo Massaud (1998), "o Mal do Século é definido como “Pessimismo extremo, em face do passado e do futuro, sensação de perda de suporte, apatia moral, melancolia difusa, tristeza, culto do mistério, do sonho, da inquietude mórbida, tédio irremissível, sem causa, sofrimento cósmico, ausência da alegria de viver, fantasia desmesurada, atração pelo infinito, “vago das paixões”, desencanto em face do cotidiano, desilusão amorosa, nostalgia, falta de sentimento vital, depressão profunda, abulia, resultando em males físicos, mentais ou imaginários que levam à morte precoce ou ao suicídio”.
Assim, podemos inferir que a Literatura Gótica expressa o “eu” mais profundo do ser humano, revelando suas decepções e desencantos com a vida em todas as suas esferas, bem como nessa viagem analítica do subconsciente humano revela a interação social a partir da inadequação perante a sociedade e busca de pertencimento.

Referências:


O medo como prazer estético: (re)leituras do gótico literário/ Fernando Monteiro de Barros; Júlio França; Luciana Colucci (Orgs.) – Rio de Janeiro: Dialogarts, 2015.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix, 1998.

Cereja, William Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2003.

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