domingo, 3 de janeiro de 2016

A falta de cidadãos complementos e sujeitos

Começo de noite, a chuva caía gostosamente como tinha que ser, e no canto do bar, alguém o indagava do que achava sobre os dias chuvosos, e sua resposta foi: ela atrapalha as festas de final de ano!
No desenrolar das palavras, revelava a superficialidade e não compreendia a importância do fenômeno, parecia não conhecer a crise que visitava algumas regiões. Assim, pensativo, o ser questionador buscava formas de entender a pessoa, seu mundo e o contexto, e, de forma decepcionada, percebia e constatava o quanto o mundo estava material.
Era chegada a hora de mais um drink e de muda de lugar, necessitava saborear mais uma dose, fumar um cigarro e refletir sobre essa triste realidade.
Olhava para o pequeno horizonte, observava como os sujeitos deixaram de ser sujeitos, sendo apenas partículas sem significado. E ele, sujeito, que se sentia complemento, desejava mais complementos, e entre um gole e outro, descobria a dificuldade disso.
Sentado onde estava, acendeu mais um cigarro e alterou sua degustação alcoólica pedindo uma Água Ardente. Chegará a conclusão, ou ao menos as considerações finais, que o mundo precisava de mais sujeitos que pudessem ser também complementos de uma história real, de um mundo natural e espiritual, que soubessem vivenciar, deliciosamente, as riquezas dos detalhes em ser sujeito e complemento, abrindo-se para as nuances dessa implicada relação, no entanto, bela.